Só nessa quarta-feira (3) na parte da manhã a loja da rede Leitura na Rua Paraná, no Centro da Cidade, tinha pelo menos 30 listas de material à venda. “O pessoal está antecipando mesmo e quem vai viajar já está vindo fazer a compra antes para evitar o tumulto. Nossa expectativa é boa, acho que esse ano a economia deu uma segurada e o povo está com menos temor”, comemora o gerente da loja, Gustavo Abreu Teles.
Segundo Abreu Teles, o tíquete médio por cliente nas compras de papelaria supera o do ano passado, variando de R$ 50 a R$ 60. Ainda que com a forte procura, a loja já faz promoções. “No jornalzinho deste mês são 16 páginas com descontos de no mínimo 15%”, conta o gerente.
As listas de papelaria variam com cerca de 15 produtos, como borracha, lápis, caneta, mochila, estojo e lancheira. Na Leitura do Centro, uma compra de material sem livro pode sair de R$ 50 a R$ 500. “É muito flexível o preço, você tem mochila de R$ 39 e de R$ 399 e caderno de R$ 5,49 e de R$ 20”, afirmou. Pensando nas vendas, a loja ampliou o quadro de pessoal de 28 a 67 empregados. Nas 16 lojas em BH, a expectativa é aumentar o faturamento em 300%, podendo chegar a 400% em algumas unidades.
Em outro ponto tradicional de venda de material, a Livraria e Papelaria João Paulo II, na Savassi, a venda também está a todo vapor e o crescimento esperado é de pelo menos 20%. As três lojas da rede também contrataram 18 trabalhadores por contratos temporários para reforçar o atendimento aos clientes. Além das promoções, o lugar tem foco na compra, troca e venda de livros usados, que, aliás, é uma aposta para quem quer economizar nas compras. Com a estratégia, uma lista avaliada em R$ 2 mil, por exemplo, pode sair por R$ 1,5 mil.
Foi essa a experiência da professora aposentada Águeda Kallás, de 56 anos, que conseguiu levar por R$ 1.073 os itens de uma lista que consumiria R$ 1.487. Na compra do material para a filha Ana Luísa, de 13 anos, que cursa a 8ª série, ela levou sete livros usados. Conseguiu vender quatro, que, como estavam em ótimo estado, lhe renderam desconto de R$ 260. “Falo sempre pra minha filha usar com muito cuidado porque os livros em bom estado podem render desconto de 40%, isso ajuda muito”, diz a mãe.
A filha Ana Luísa não vê problemas em reaproveitar o material. “É a mesma coisa.” Mãe e filha resolveram antecipar as compras para poder viajar de férias mais tranquilas e evitar as lojas cheias em fevereiro. A administradora Renata Melo, de 44, fez o mesmo e foi ontem, com os filhos Bernardo, de 6, e Pedro, de 10, comprar a lista que custou R$ 2.163. A quantidade de produtos foi a mesma do ano passado e Renata economizou com dois livros que aproveitou. A escolha dos itens fica por conta dos pequenos, mas sempre com moderação. “Claro que se tiver um que custa R$ 10 do lado do outro que custa R$ 20 escolheremos o mais em conta, mas sempre observando a qualidade do material”, diz a mãe.
Por enquanto ela só pode comprar livros novos, pois os filhos ainda estão na idade em que se escreve neles. Usados só a partir do sexto ano. “A partir daí as mães começam a vender os livros usados e isso vai gerar uma economia de 40% a 50%, porque além de optar pelo livro usado a pessoa pode dar o dela como abatimento da compra”, diz o gerente da João Paulo II, João Paulo Azevedo.
Usados valiosos
O gerente da Leitura, Gustavo Teles, conta que a loja também aumentou a venda de livros usados. “A gente avalia o livro do ano anterior e paga um terço do que vale o novo e os usados fazemos pela metade do preço. Ou seja, se um livro custa R$ 100, eu o compro do cliente por R$ 33 e vendo um de R$ 100 por R$ 50. Neste caso, ele pagaria R$ 17”,explica.
As mães também podem optar por vender os livros em um lugar e comprar material em outro. Foi o que fez a administradora Silvana Benati, de 47. Depois de gastar R$ 1,8 mil com o material para dois filhos, ela conseguiu recuperar ontem R$ 120 vendendo seis livros. No ano passado, ela também vendeu livros usados. “Foi bom porque compensou um pouco do gasto”, diz.
Estado de Minas