Uma conversa rápida é suficiente para se ter notícias de parentes, colegas de trabalho ou do vizinho que tiveram conjuntivite recentemente. Em Belo Horizonte, os casos da doença aumentaram 33% em apenas uma semana. A enfermidade que se espalhou pela capital chegou a cidades como a vizinha Santa Luzia, na região metropolitana. Apesar de autoridades negarem o surto, na ponta do atendimento diário em postos de saúde, clínicas e hospitais, pacientes amargam longas filas e profissionais da saúde relatam o aumento da pressão nas últimas semanas. Na Clínica de Olhos da Santa Casa da capital, referência no estado, o número de pacientes com a infecção nos olhos duplicou. A boa notícia é que a doença começa a dar sinais de trégua, segundo médicos.
A babá Ângela Nunes, de 48 anos, começou a sentir os sintomas – coceira nos olhos, inchaço e irritação – na segunda-feira à noite. No dia seguinte, às 6h, estava no posto de saúde Nossa Senhora das Graças, no bairro homônimo, em Santa Luzia, onde foi atendida quase quatro horas depois. Além dela, oito pacientes já aguardavam, pelo mesmo motivo. Mais tarde, outros cinco chegaram para serem atendidos pelo clínico geral, pois não há especialista. “Moro com meu filho e meu marido. Tudo que uso está separado para evitar o contágio. É a terceira vez que tenho a doença. Ano passado, peguei duas vezes”, conta.
Num posto de saúde do distrito de São Benedito, também em Santa Luzia, funcionária que preferiu não se identificar com medo de represália informou que é grande o número de casos em toda a cidade. “Santa Luzia está em surto. Costumávamos atender no máximo três por mês. Nos últimos 10 dias, esse número passou para 10. Essa é a realidade em todos os postos”, disse. Segundo ela, o atendimento feito por ordem de chegada tem priorizado pacientes com conjuntivite, por causa do risco de contágio.
Em Belo Horizonte, a Clínica de Olhos da Santa Casa passou de 30 a 40 casos por dia para cerca de 80 a 90, segundo o coordenador do setor, Wagner Duarte Batista. Para conter a demanda, o número de senhas distribuídas diariamente aumentou. De um lado, pacientes que aguardam horas a fio para ter um diagnóstico, de outro, médicos trabalhando acima da capacidade. “Atendemos 40% a mais do que o normal. É uma pressão, dificuldade e desgaste muito grande. Fazemos o possível e o impossível”, afirma o oftalmologista.
Estado de Minas