Da decepção da perda da Copa Libertadores de 2009 em pleno Mineirão à emoção de celebrar como capitão o título da Copa do Brasil de 2017. Da “quase” conquista no Brasileiro de 2010 ao bicampeonato nacional em 2013 e 2014. Das duas goleadas de 5 a 0 sobre o Atlético, nas decisões do Mineiro de 2008 e 2009, aos anos de vacas magras, em 2015 e 2016. A lista de acontecimentos – bons ou ruins – é extensa para Henrique, volante do Cruzeiro. Bem-humorado e dono de fala tranquila, o carismático jogador completará 400 partidas pelo clube na próxima segunda-feira – às 20h, em duelo contra o Palmeiras no Allianz Parque, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Contratado em janeiro de 2008 por indicação do técnico Adilson Batista, Henrique demorou a estrear pelo Cruzeiro. Por causa de tratamento de lesão, ele só foi atuar no dia 3 de abril, em duelo com o San Lorenzo no Ipatingão, pela quinta rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. A equipe celeste ganhou por 3 a 1, gols de Marcelo Moreno (2) e Wagner. Inicialmente, Henrique não era unanimidade entre a torcida, que preferia ver Fabrício, Marquinhos Paraná e Ramires formando a trinca de volantes. Mas a confiança passada por Adilson fez o atleta revelado pelo Londrina crescer aos poucos na Toca II.

O ano de 2009 foi de grande evolução para Henrique. Na Copa Libertadores, ele marcou um dos gols mais bonitos da carreira na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo, no Morumbi, pelo jogo de volta das quartas de final. Aos 21min do segundo tempo, o camisa 15 dominou a bola na intermediária do campo de ataque e arriscou do meio da rua. A redonda foi no ângulo do goleiro são-paulino Dênis. O Cruzeiro, que passou pelo Grêmio na semifinal, encarou o Estudiantes na decisão. Henrique novamente apareceu: aos 6min do segundo tempo, chutou de longe e contou com desvio no meio do caminho para fazer 1 a 0. Seria o gol do título, porém os argentinos viraram com Gastón Fernández e Boselli e levaram o troféu da Libertadores para La Plata.

Em recente entrevista ao Superesportes, Henrique recordou a frustração causada pelo revés e enalteceu os méritos do Estudiantes. “São circunstâncias de jogo, né?! Você sai vencendo e, dentro da partida, joga contra um adversário qualificado, que chegou à final por seus méritos. Nós achamos que poderia ter ganhado apenas com um gol. São várias circunstâncias que podem ter acontecido. Mas o adversário teve méritos por reverter o placar. Isso acontece dentro de uma partida. Quantas partidas que vemos que um time vira o jogo. Isso é normal num jogo. Infelizmente aconteceu. Mérito do adversário, que soube jogar melhor.”

Tão logo, o Cruzeiro sacudiu a poeira e se recuperou no Brasileiro, encerrando a competição na quarta posição e se qualificando novamente ao torneio sul-americano. Em 2010, o time brigou pelo título da Série A até a última rodada, mas acabou sendo vice-campeão – o Flu levantou a taça. Henrique balançou a rede no triunfo por 2 a 1 sobre o Palmeiras, na Arena do Jacaré, que poderia ser a partida da comemoração.

Em julho de 2011, o jogador se transferiu para o Santos, clube que defendeu até dezembro de 2012 (71 partidas e dois gols). Em 2013, retornou ao Cruzeiro como parte do pagamento do Peixe pela compra dos direitos econômicos de Walter Montillo (10 milhões de euros). Como o time adotou numeração fixa, Henrique ganhou a camisa 8, número que usa até hoje. No bicampeonato brasileiro, formou dupla de sucesso com Lucas Silva em 2014.

Seja sob o comando de Adilson Batista, Cuca, Marcelo Oliveira ou Mano Menezes, Henrique sempre foi visto como homem de confiança. O estilo simples e eficiente cativou todos os profissionais. Tanto que o atleta disputou mais de 50 jogos em quatro das oito temporadas anteriores pelo clube. Em 2017 está perto dessa marca: já são 47 presenças e dois gols marcados.

Recordes à vista

Henrique será o 17º jogador a completar 400 partidas pelo Cruzeiro. Ainda este ano poderá superar o ex-lateral-direito Pedro Paulo, que fez 405 jogos nas décadas de 1960 e 1970. No começo de 2018 será a vez de deixar para trás o também ex-lateral Nelinho (411) e o ex-zagueiro Darci Menezes (427). Esses dois ganharam a Copa Libertadores da América em 1976.

Vinculado à Raposa até dezembro de 2019, Henrique terá chances de atingir 500 jogos, feito ainda mais restrito entre os atletas que passaram pelo clube.

Com relação apenas aos volantes, Henrique está na quinta posição. O primeiro é Zé Carlos (633), seguido por Piazza (566), Ademir (442) e Ricardinho (441). O sexto é Douglas, com 391 jogos.

“É gratificante chegar a essa proximidade de 400 jogos por um clube de muita grandeza como o Cruzeiro. Grandes títulos, grandes conquistas, jogadores renomados como Tostão, Dirceu Lopes, Zé Carlos, vários jogadores que passaram por esse clube e disputaram tantos jogos. Fico satisfeito e honrado por vestir essa camisa por tantos jogos. O Cruzeiro é um clube de muitas conquistas e histórias”, afirmou Henrique, que tem na carreira duas convocações para a Seleção Brasileira.

HENRIQUE RUMO A 400 JOGOS PELO CRUZEIRO

Jogos: 399
Gols: 
25
Assistências: 24

Primeira passagem (2008 a julho de 2011): 179 jogos e 12 gols

Segunda passagem (desde fevereiro de 2013): 220 jogos e 13 gols

Por competição

Campeonato Brasileiro: 220 jogos e 13 gols
Campeonato Mineiro: 80 jogos e 5 gols
Copa Libertadores: 52 jogos e 3 gols
Copa do Brasil: 28 jogos e 4 gols
Primeira Liga: 3 jogos e nenhum gol
Copa Sul-Americana: 1 jogo e nenhum gol
Amistosos: 15 jogos e nenhum gol

Títulos

Campeonato Brasileiro: 2013 e 2014
Copa do Brasil: 2017
Campeonato Mineiro: 2008, 2009, 2011 e 2014

Campanhas de destaque

Copa Libertadores 2009: segundo lugar
Campeonato Brasileiro 2008: terceiro lugar
Campeonato Brssileiro 2009: quarto lugar
Campeonato Brasileiro 2010: segundo lugar

Estado de Minas